O último poema de Lord Byron - um ensaio reflexivo

 



Missolonghi, 22 de janeiro de 1824. – Assim está datado aquele que vem a ser considerado o último poema escrito por Lord Byron, chamado “On This Day I Complete my Thirty-Sixth  Year”, no qual lamenta como se já estivesse sem estímulos para continuar vivendo, esperando a morte esbaldado em palavras da mais profunda melancolia. Estas não poderiam ser mais tristes e cheias de desencanto do que as de um homem que houvesse vivido quase um século em meio a frustrações, e isso leva a uma indagação eminente: Como pode o poeta libertino sentir-se tão vazio mesmo após ter vivenciado tantas aventuras e amores?

Ora, não é necessário ter lido as entrelinhas de seus poemas para perceber o quanto Byron sempre fora um homem de emoções profundas e por elas dominado, necessitando da existência desses sentimentos para poder escrever.

Por que, então, toda a conturbação da sua vida não poderia ser encarada como tentativas de encontrar alguma sensação que se equiparasse ao que sentia? Se ele ousou aventurar-se pelos mais diversos lugares e experimentar o amor em suas mais diversas formas, se chegou aos extremos do que era aceitável na sociedade em sua época,  se deixava transbordar em seus versos todo o excesso de sentimento e dor que não lhe cabia no peito, se enxergava a morte como uma salvação ao que lhe afligia a alma é porque nunca fora capaz de encontrar  outro alguém que compartilhasse de suas emoções com o mesmo peso e intensidade, e que por mais profundo e sincero que fosse qualquer sentimento que alguém lhe dedicasse, jamais seria o suficiente para Byron, que era ilimitadamente apaixonado por quaisquer emoções que pudesse sentir.

Fica claro perceber as razões pelas quais os vínculos poeta-homem são inquebráveis para Lord Byron, bem como a personificação em sua imagem de todas as características morais que ele mesmo fizera o mundo conhecer.  

Um poeta que não inventava nem manipulava o lirismo de suas palavras, um homem que tentou encontrar correspondência de nobres e únicos sentimentos em outros corações (que talvez nunca tenham sido capazes de ser tão nobres quanto o seu).

Um homem que procurou preencher com sua impulsiva passionalidade os mistérios da vida e da morte, do amor e da luxúria, do errante e do herói. E como nada disso fora suficiente para se ajustar a um mundo onde ninguém podia ver a vida com tanta intensidade quanto ele via, usou de seus recursos como poeta para não deixar que seu amor maior morresse junto com a esperança de ainda ser amado equivalentemente.


Escrito por: Tânia M. Barão em novembro de 2013

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